quarta-feira, abril 26

Gosto muito de ti!

- Gosto muito de ti! Ao que eu respondo sempre que também gosto muito. Aprendi depressa que são as palavras mais angelicais que jamais adocicaram –em simultâneo– os meus ouvidos, o meu coração e a minha alma: obrigado.

Deixa-me aproveitar e escrever o que nem sempre consigo verbalizar. Sempre foi assim comigo. Por isso preciso de escrever:

Se soubesses a espada que sinto a esfacelar o meu coração sempre que tenho de te reconduzir, não imaginas. Não te preocupes, também me perco muitas vezes. Prepara-te, qualquer dia e esse dia aparecerá mais rápido que a luz do trovão que já nos fez encolher os dois - entenderás o que te digo, farás melhor do que eu consigo fazer a alguém que no dia mais importante da tua vida: nascerá, crescerá e depois como um pássaro selvagem a quem curámos a maleita, num mimo, se soltará da tua mão e voará livre. Só quero que estejas preparado para esse dia. Só te peço que não olhes, nunca, para trás: voa, voa! Acredita sempre em ti e tudo conseguirás!

E sempre que estiveres perdido no meio do mundo bastas parares um minuto e pensares em mim. Num golpe de mágica o nosso amor nos ligará e eu estarei ao teu lado –sempre. Nunca te esqueças disso. Nunca temas o tempo: ele passará sempre, mas o que sentimos um pelo outro nunca morrerá.

segunda-feira, abril 24

Azul acizentado

Como eu amo e odeio estações. Fico vislumbrado nas bonitas que mostram, com orgulho, os seus azulejos azuis ou perdido em sentimentos nas que exibem imponentemente um cinzento soturno nas suas paredes. Dou por mim a olhar sem ver enquanto passeio parado nos meus pensamentos que fogem e se aproximam – sem rumo conhecido.

Mas o negrume do cinza já significou esperança para mim enquanto que o azul celestial me fez verter lagrimas de dor e saudade. Já dei por mim a procurar o teu reflexo no escuro cruel e opaco de uma parede fria e já vivi dor na luz do azul ofuscante que tudo reflete sem ter medo. Medo de viver, medo de amar.

A luz que irradias não teme o cinza escuro que me rodeia.

As escadas que desces ajudam a esculpir um sorriso na minha cara.

As escadas que sobes impulsionam a agonia febril do meu coração.

Uma máquina sem vapor que se arrasta para fugir ou se esfrangalha para parar -nem sabe o quão mal ou bem me pode fazer. Como gostaria de ser um mestre de telepatia e controlar quem manipula a máquina para esta sempre se aproximar. Bastaria que sentisse um pequeno grão da dor que me descarna o coração e me arrelia a alma para –sempre- se aproximar e excomungar (de vez) o ímpeto de se afastar. De se ir, de trocar a tua imagem esculpida no momento por um carril sem fim.