domingo, setembro 11

Des(colar)ado

Desliga a Internet - não te sinto no meio do cabo; perco-te de vista no meio dos fotões.
Assim mal vejo o teu vestido.
O branco ofusca-me a vista e tolhe-me a cabeça.
Perco o tino e entro em desvario.
A areia clara e fina empresta-me um carinho.
Sei que sabe a pouco mas não é vendido.
Nunca é em vão e não será tolhido.
Entre te ter num cabo que penetra no meu computador,
prefiro estar deitado e nu - abraçado pela onda que verte da maré:
- Assim, até um macaco vai para o céu.
A carne é fraca abraça com força
o colar - que não é de fancaria - é sim de puro cristal.
Agarra-o com toda a genica e sente
a sua corrente - esta não volta.
Admira como foi esculpido.
Sou um desajeitado não o conseguirei reconstruir
e o artesão mora lá para as bandas do Irão.
O vento de mar embala o meu ouvido
e escorre numa melodia.
Destituído de prazer dou por mim a lamber
a espuma que salpica e que vai e vem.
A manhã acorda, acorda-me - já não tenho tempo a perder.
Para a dança, sustenho a respiração e caminho.
Deixo-me fundir com o nevoeiro
que desmonta o horizonte.