sexta-feira, setembro 21

Deixa-me ir

- Corre, corre, corre, corre. Se fores suficientemente rápido poderás, até, fugir da solidão.

Eu:
Fecha os olhos e brinca com os socalcos que uma cama com lençóis cansados te pode oferecer: ali tens uma montanha bem alta que esconde uma bonita planícies. Fecha os olhos e imagina-a como um enorme e belo pasto verde. Alguns animais passeiam-se, outros alimentam-se e esperam que o tempo passe. Se acreditares: olha para o fundo e observa o pastor que descansa junto a um velho carvalho. Um ar de calma, um ligeiro sorriso na cara contagia o mundo que o rodeia com alegria.

Tu:
A noite passa e segue-se o dia. Olha para os raios de sol que nos tocam, no inicio, do dia – com um beijo carinhoso, até ao beliscar da força que acompanha o meio dia. Tudo é rápido; é só esperar pelo Sol a desvanecer até a luz amarela de um velho candeeiro se ligar. O sol acaba por se ir. Ligam-me a televisão: esta fala sem parar e sem esperar pela minha resposta. Pouco também tinha para dizer, mal consigo. Prefiro fica imóvel no escuro e deixar que as luzes coloridas que saem do tubo de raios catódicos funcionem como uma - luz psicadélica que me leva para o desejado transe.
Hoje esqueci-me de acordar: estava cansado. Até o Sol tardou a aparecer. Acho que não me enganei e distribui os abraços e carinhos que precisava. Já estou meio entorpecido e cansado de cansar os outros. Cansado de visitar todos os dias os mesmos prados – esculpidos pela minha imaginação - nos lençóis da cama que me acompanha. Chegou a hora de apagar a luz, ficar assustado no meu canto e esperar que me venham buscar, no entanto terei sempre: saudades vossas.