Circulo (in)finito
A porta da masmorra abre-se, sem sequer precisar do meu toque. É
uma forma de "Abre-te Sésamo" numa história qualquer que contamos às
crianças, enquanto estas lutam até ao fim contra o sono.
Estou pronto para
uma viagem num labirinto (des)encantado.
As luzes que
brilham insistem em ofuscar o meu olhar, em entorpecer o meu pensamento e a
encandear a luz que resiste na minha alma.
Caminho, passo a
passo num corredor sem fim.
Há pessoas que tal
como eu deambulam de e em todas as direções.
Sente-se ao longe, a troca de olhares de desespero, enquanto
corpos obcecados chocam uns contra os outros, numa procura perpétua e numa fuga p’ra
frente.
Escuto as conversas dos outros e os risos na forma dum ruído que
ensurdece.
No meio da correria há casais que se beijam, crianças que não
escondem caricias, gente que se magoa e pessoas que falam do seu infortúnio.
Há também quem deambule de forma solitária e perdida neste espaço
que afinal é finito, pequeno e simples coma a vida de qualquer um de nós.