quinta-feira, maio 25

E se?

Perguntas-me como me chamo. Não sei se irei responder. Mesmo sabendo que foram as primeiras palavras que desperdiçaste comigo. Não, não te responderei. Penso: “-e se?”. Engulo em seco e sinto a minha testa a encorrilhar. Temo responder-te: Pedro. E se o Pedro te trocou por uma bailarina espanhola que exalava sexo no olhar. E se eu mentir e responder: Carlos, sim o tal de Carlos que deixaste mesmo sabendo o quanto ele te amava; não te dava pica, se calhar, dizias tu. Não sei, mal te conheço. Não, não responderei.

Continuamos juntos – no olhar. Reconheço traços de beleza no teu rosto. Sinto ternura a verter do teu corpo, muita. As tuas mãos são delicadas e sinto vontade de as prender às minhas. Continuas imóvel, presa ao solo, que por sua vez se agarra com toda a força ao subsolo e assim sucessivamente até chegar à tua alma terrena. O relógio mente: o tempo passa, mas não passa para e por nós. O Sol brilha ao longe e nunca mente.

Dou por mim a cantarolar:

Stay out super late tonight
Picking apples, making pies
Put a little something in our lemonade
And take it with us.

É tudo tão simples, penso eu. E se? E se me deres a mão e podermos fugir a correr pela ravina: atirámos os relógios para as profundezas. Largamos os telemóveis. Darás um pulo e eu reagirei. Saltaras o muro e eu vou-te receber de braços aberto do outro lado. Pisarás a linha continua (nua) às minhas cavalitas. Deixarás o teu sorriso ficar contagiado pelo meu. Subiremos a uma árvore e roubaremos uma maça. Soltarás os cabelos ao vento, correrás, saltaras e vais ver que cais nos meus braços (sempre). Sopraremos até quase sufocar à espera dumas bolhas de sabão. Contaremos uma a uma - cada estrela. Atiraremos beijos à Lua solitária. Tudo isto até que a noite morra e o dia nasça – só para nós. Necessitas de mais?

Ainda precisas de saber o meu nome?