terça-feira, outubro 18

Mau acordar..

Acordei, mal tive tempo para pensar e quando dei conta já corria na rua. Escondido por de trás dos meus óculos escuros, comecei a minha jornada.
Acordar cansado é cansativo, mas viver ainda é mais cansativo.
Já há algum tempo que queria sentir-me com vontade de acordar e de viver. Mas o nevoeiro regela-me os meus pobres ossos, contamina o meu acordar. Mas entendo-o bem, há algum tempo que quando penso em mim e em tudo o que se passa, encontro uma névoa densa que não me permite enxergar. Sei que existe algures um Sol, bem escondido mas ainda não consegui encontrar o seu ponto cardeal. Procuro-o e sinto-me mais perto, sempre que escrevo, sempre que estou com na minha máquina fotográfica ou quando embalo no meu colo o meu filho.
Mas continuo cansado e precisava de dormir uma semana. Esperar que no fim do sono, e após o meu despertar o meu mundo estivesse mudado. Muita coisa teria acontecido e num milagre improvável as peças soltas se tivessem encaixado. Quando o meu pai ficou doente, recorda-me vezes sem conta de sonhar que tudo não tinha passado dum pesadelo. Mas, o pesadelo era o estar acordado e não o contrário. Passei desde isso dia a odiar-te - dicionário.
Ainda ensonado, deixo os meus dedos a deslizar. Nem sempre entendo o que escrevo e muito menos porque o escrevo. Mas a verdade é que o faço, nem sempre com vontade de o reler. Se escrever me faz sentir bem, reler o que escrevo é sentir de novo, emoções que se escaparam pelos meus dedos e que violentam a minha alma.
Ainda meio adormecido e confuso, e fico a espera de saber quando vou (finalmente) acordar e descobrir que tudo não passou dum pesadelo.