quinta-feira, julho 18

Procurei-te

Procurei-te, vezes sem conta, no meio das vielas onde me abraçavas, perto da tendinha que era nossa e onde trocamos as nossas juras de amor ou até no café onde te contemplava pela primeira vez em cada novo dia. Dou por mim, a repetir os nossos passeios, vezes sem conta, entro no metro, ignoro as mil imagens que atravessam a janela na viagem, e fico apenas à espera que estejas com o teu sorriso, na estação (a nossa estação) que entres a correr e me abraces. Já não faz sentido o meu telemóvel, já não recebe as tuas mensagens e já não toca mais por ti.

Sei que fugiste, porque o nosso amor profundo e doce estava cada dia mais forte. Tudo se resumia a uma troca despretensiosa de amor e mimo. Já liamos o pensamento um do outro, quantas veze me abraçavas, quando eu pensava em abraçar-te ou quando me sentia por momentos carente.

Lembras-te, quando estiveste uma tarde inteira, num baloiço, onde veze sem fim te empurrava suavemente, sentia um aperto no peito quando te afastavas, apesar de saber que acabarias num qualquer instante, a voltar até perto de mim, com o teu sorriso rasgado à espera de um novo terno impulso e de seguida tudo recomeçar.

O nosso amor era tão puro, que lembras-te, uma vez tiramos uma maça do pomar do Carlos e corremos como adolescentes para não sermos apanhados. Cansados e ofegantes, paramos junto à nossa árvore e bem suavemente, ajudei-te a trepar, trepei de seguida e ficamos à espera do entardecer juntos. Abraçados, tínhamos momentos, em que não precisávamos de palavras para mostrar o nosso amor. Sim, foste a primeira pessoas que conseguiste com o teu toque, mimo e olhar mostrar que me amavas. Eu mais desastrado replicava os teus gestos, mas sei que me toleravas, que sabias que eu também te amava, faltava era o toque e a tua sensibilidade.

Tudo era tão perfeito, tão belo e tão especial que foram mesmo momentos felizes contigo.

Fugiste, porque sabias tal como eu, que a nossa felicidade era de tal forma intensa que não podia ser real, ninguém tem o direito ou consegue ser tão feliz nesta vida.

Acordei e percebi que não tinhas passado dum sonho, deixei de sentir a angústia de te ter perdido, mas fiquei encolhido e bem agarrado aos lençóis a pensar em ti, se te voltarias a cruzar comigo num outro qualquer sonho ou lugar.