quarta-feira, abril 15

Chá do tempo

Despedi-me:
das vestes de negro que bailam
ao sabor do vento que regela.

Digeri:
um chá azedado
pelo amargo dos humanos.

Esperei:
pela hora da comédia
que tardou em subir ao palco.

Vou-me no chá do tempo.

terça-feira, abril 14

Suspiro

Uma cama desfeita – vazia -serve de amparo a uma pequena mesinha de cabeceira.
Um lençol enrodilhado esconde-se no meio de um cobertor.
Um travesseiro frio, ainda, guarda a forma do meu rosto.
Um candeeiro apagado vive (só) com o meu toque.
Um cigarro ainda arde agastado com o sabor dos meus lábios.
Uma sombra passada e perdida aparece no escuro (do pensamento).
Uma lágrima perdida solta o seu trago salgado.
Um sofá serve de pouso para um corpo – o meu corpo.
Uma imagem de ti – ilumina o meu pensamento.
Um suspiro meu – viaja na tua direcção.