segunda-feira, fevereiro 12

Travagem

Trave com o motor.
Nunca com o coração.
O frio sublime espevita o vento que empurra as rochas. É impossível não sentir o abraço gélido que chega com uma força que parece dar um safanão no mundo. Ainda na lembrança: um verde intervalado por um cinzento agreste que povoa o ermo no além.
Saudades de gritos de crianças que não se ouvem mais.
E,
perdido no olhar cansado de um velho sentado ao sol à espera da morte.
No entretanto,
revisito um sem abrigo que apanha as beatas renegadas num chão frio e que tal como ele foram largadas quando deixaram de ser úteis – mas agora –reaproveitadas -são beijadas por quem é renegado por existir.
Escurece,
sinto frio: agarro-te: venço os narizes que se tocam; procuro os teus lábios aveludados com o fluxo de sangue que nem a jugular se atreve abrandar. Fecha os olhos, sente o abrigo
e sonha.