terça-feira, maio 12

Mão no vidro

Uma mão encostada ao vidro, procura um derradeiro toque – mas sem sucesso. Um aquário vazio mas feito de agonia – está formado. Sucessivos toques no vidro espelham a ânsia e a saudade do sentido. Os pensamentos caem a uma velocidade estonteante. A troca de olhares é negada por um reflexo que teima existir. Um abraço e um beijo ficam por dar. Uma última palavra não chega a sair. Um último toque é negado. A saudade esmaga o alento.

O reflexo cada vez mais turva a vista. Como num filme, fotogramas começam lentamente a passar. O (maldito) reflexo desaparece, intercalado por um conjunto de novas imagens – não tuas. Num movimento acelerado tudo se vai. Tudo passa. Tudo se dilui. Tudo não passa de um risco descuidado na pintura do (meu) horizonte.