sábado, outubro 11

Só(litões)

Um pequeno candeeiro é a companhia: Ilumina o escuro que me impede de viver; de ler o meu livro- que me resgata da solidão.
Por momentos, dou comigo a parar e a ler vezes sem conta:

“Costumava forçar-se a chorar antes de chegar a casa, depois de estar com seu amante. Olhava-se no espelho do elevador e dizia a si própria baixinho que o tempo lhe havia de roubar toda a beleza.”

A minha cabeça fervilha,
o relógio corre,
a minha vida esfuma-se.
Abraço-me ao livro,
sinto-o quente:
bebeu do calor que (ainda) me resta.
A frase não me sai da cabeça.
A solidão não me abandona.
Desvio o olhar para a janela e penso nela.
Desvio de novo o olhar,
reencontro a frase
-não larga os meus olhos.
Salto da letargia e procuro uma carta de amor,
sei que está religiosamente guardada,
perto da mesinha de cabeceira,
perto do meu coração.

Contínuo só,
a luz foi apagada,
o livro está frio.
Estou só.