segunda-feira, dezembro 23

Rio (que foi) D'ouro

Rio revolto que ataca a margem,
como eu te entendo.
Somos parecidos.
Amaos o Porto.
Abraçamos as margens com carinho.
Mas,
levamos tudo à frente quando nos maltratam.
Ou
quando perdem o respeito por nós:
e nos atiram – o lixo das suas almas,
sem dó e sem piedade.
Ou
quando se esquecem da ternura do nosso toque
e deixam a espuma do veneno a boiar.
Mas
quando a dor acalma:
(Pena) Não haver quem a limpe.
(Pena) Não haver quem se lembre
do mal que está feito.
Agora
a tormenta foi-se!
E já brincam de novo com o lixo:
mais tóxico, mas diferente.
Já nem se lembram da nossa mágoa.
Por isso - por vezes secamos o leito.
Por isso - a água tem um tom escuro:
é a cor da alma sofrida.