terça-feira, julho 9

Anjo Perdido

Eu queria correr até ao limite do teu horizonte, onde sei que tu estás. Estás longe de tudo e de todos e já só te encontro nos meus sonhos. Sinto muito a falta do teu toque, do teu abraço e do teu olhar terno e destemido. Sempre senti que não serias minha, que terias que correr o mundo e seguir o teu caminho (só) para seres feliz. Sinto inveja da tua mochila e máquina fotográfica que para todo o lado te acompanha.

Eu queria aparecer, vislumbrar-te pelo menos uma última vez. Sabes, ainda fecho os meus olhos e sinto o teu último abraço apertado e terno, fechaste os olhos e prometeste-me que me amarias à distância. Os meses passaram e a dor no meu coração não muda e os meus pensamentos revoltos, vagueiam em torno do que falhei, para não te ter por mais tempo.

Fui tudo rápido, sempre rápido, desde o dia que nos conhecemos. Durante dias, cruzamos olhares, enquanto passavas por mim de metro a alta velocidade. Conseguia vislumbrar o teu sorriso e olhar num metro apressado, que tal como tu, vive a vida ao segundo.

Finalmente num dia, ganhei coragem e entrei no metro. Lá estavas tu, calma e serena a vislumbrar as pessoas que no seu dia-a-dia correm para viver. Sentei-me, contemplei-te, milhentas paragens do metro enquanto eu contava cada segundo para te dirigir a palavra. Esperei, e esperei, até que no momento certo, desastradamente te dirigi uma palavra. Respondeste-te com um sorriso e um olhar terno, que nunca consegui esquecer. Numa semana, vivemos momentos únicos de paixão. Lembro-me de correr a teu lado, contemplar o Douro, do nosso primeiro beijo doce, de te contemplar ao luar e de te pedir para só me prometeres que eras minha naquele momento.

Consegui fundir a paixão e o amor, como nunca achei possível. Numa semana alucinante, onde cada segundo me apaixonava e mais me sentia teu e perto de ti. Trocamos segredos sem fim, sorrimos, mas o que me fica na memória são os teus abraços – conseguias mesmo fazer-me sentir que me fundia contigo, tal era a força que aplicavas, que até esquecia o meu respirar.

Não tivemos tempo para discordar, amuar ou estragar tudo. Senti-te como um anjo, que se aproximou de mim, me aqueceu o coração, me mostrou que ainda tinha lugar no meu coração para amar alguém e assim que sentiste que tinhas a tua missão cumprida, desapareceste no fino ar, como a poeira mágica.

Foste um sonho ou foste real, não sei, nunca o saberei.