sexta-feira, fevereiro 6

Anel de fancaria

Toco num retrato, o teu retrato. Quis que fosse a preto e branco - só assim leio a tua alma. Toco, sofro, sinto e solto um mimo com a esperança que este te atinja. Abraço a foto, espero que o sintas. Falta-me a tua voz rouca e o teu olhar da cor do céu.
Ofereço-te pouco: um amor puro, um abraço, um mimo, o meu cheiro ao Douro e um anel de fancaria.

quarta-feira, fevereiro 4

Despedida do Sol

Hoje voltei a precisar de escrever:
Sentado, imóvel contemplo o pôr-do-sol de Inverno. Admiro: o sol nasce e todos os dias desvanece – nunca alguém presenciou algo de diferente. A noite segue-se ao dia. A paixão culmina no amor: o amor nasce e morre, tal como a vida. O pensamento foge a esta regra, inicia e pode nunca acabar – é esse o mal que padeço.
Espero por ti. Continuo sentado à espera de ti. Brinco com os dedos na areia. Sorrio, sempre que um salpico de mar me atinge. O sol continua a despedir-se. Não estás cá. Não sei se posso esperar que me abraces. Não sei se irás aparecer. Sinto que o nosso amor não é perpétuo como o movimento do sol. A areia nos dedos distrai-me. Fricciono os dedos (com cada grão) enquanto encosto as mãos ao peito. Um grão de calor aquece-o tenuemente. Uma parte ínfima desse calor atravessa a pele, perfura as costelas e chega ao meu coração.
Olho para trás – já é tarde. Não te vejo. Não te encontro. O sol despediu-se. Sinto frio- e despeço-me do momento.