terça-feira, março 25

Corpos Enrolados

Deitada a meu lado, deixas que te aconchegue o cabelo. Os nossos corpos estão bem juntos, parecendo por momentos que se fundem num só. O teu olhar brilha mesmo no escuro, lembrando-me constantemente que estás ali, mais uma vez a meu lado. Fizemos amor de uma forma animalesca, pareceu que os nossos corpos estavam carentes, mas sabes que a minha alma vagueou por alguns momentos.

Ainda não percebi, porque voltaste aos meus braços, porque me quiseste mimar ou porque sequer atendeste a minha chamada.

Continuas imóvel, agarrada a mim e a mimar-me, não me arrancas uma palavra, mas também sei que não o queres. Parece que os nossos corpos se atraem, da tua alma não sei se sei, mas a minha continua selvagem e perdida. Mas isso, sinto que lamentas, sinto que o sabes; pois desde o nosso primeiro dia que te descrevi o cadeado escuro e enferrujado que está envolto no meu coração.

Tocas-me com os teus lábios, parece que o desejo dos nossos corpos voltou a aparecer. Num piscar de olhos, os nossos corpos estão de novo à procura do prazer sublime. Entrego-me a ti, totalmente como se fosses a minha mulher - a pessoa que eu quero. Mas não consigo, nem conseguirei prender a minha alma ao momento - a ti.

Como eu queria que sentisses o mesmo, que a tua alma vagueasse, bem junta à minha à procura de outra pessoa – que nem existirá; que nunca existiu. Mas não me atrevo a perguntar-te porque me procuras; és uma mulher bonita; sei que conseguirias facilmente deslumbrar outro qualquer homem, mas está aqui, junta a mim, apesar de eu não te poder dar, tudo o que tu procuras.