domingo, julho 17

Estar só

Estar só.
Estou só, porque se calhar porque nasci só.
Nasci só quando abri os olhos, contemplei o meu novo mundo e só vi crescidos a distribuírem caricias.
Não puxei cabelos a uma irmã e nem tive oportunidade de esmurrar um irmão. Em vez disso, inventei mil brincadeiras e criei a minha própria máquina de queimar tempo, em especial nos mergulhos confusos e desostinados da adolescência.
Vivi e vivo os melhores momentos num monologo interior (eufórico) e derramo lágrimas por dentro quando estou triste.
Estar só já não é destino mas sim uma opção.
Estar só às vezes cansa, às vezes irrita e por vezes deprime. Mas estar só é ser livre, solto e poder viver num mundo muito meu.
Por vezes, dou por mim a correr para uma princesa encantada ou a fugir da maça da bruxa má. Sei bem que sofro quando não consigo afugentar os meus pesadelos, mas melhor que ninguém (acho eu) conheço o meu mundo interior.
Sei que acabarei como apareci só, na forma duma poeira que vagueará solitária pelo ar, mas espero que com incríveis lembranças da minha solidão interior.