quinta-feira, maio 21

Poema do acordar

Acordei, acordaste. Duas mãos ainda estão unidas. Dois corpos ainda resistem a partilhar o seu calor interior.
A pouca luz que entra no quarto ilumina os teus olhos brilhantes. A poesia dos nossos movimentos suscita a ternura do acordar. Um abraço forte é o primeiro alimento – o mais importante. Segue-se um silêncio cúmplice que é respeitado. A manhã, entretanto, insiste em avançar. Mas a nossa poesia do despertar continua: um beijo, uma caricia e um profundo trocar de olhares – repete-se vezes sem conta.
Já viste como o teu olhar rima com o meu? Como formam um harmonioso verso que perdura alimentado pelo que foi e pelo que vai ser. Fecha os olhos, suplico-te. Deixa-te levar, não temas. Sente-me, sinto-te perto de mim. Não pares, quero que continues a escrever no livro branco que te ofereci, lembras-te? Na altura pensei merecer apenas meia dúzia de palavras soltas e moucas, mas que agora, com o passar do tempo, rezo para que acrescentes mais um capítulo, enquanto a nossa prosa te encantar - te deixe um olhar feliz.