quarta-feira, julho 5

Estrela Cadente

Olha! Como ali, aquela linda estrela cai no céu que está lindo. Não percas um único segundo, poe favor! Fica em silencio, abraça-me. Sente-me e dá um mimo. Partilha o teu calor com o meu. Abraça-me com força, com toda a força que conseguires. Desliga-te do mundo: somos nós e uma estrela cadente. Sabes, escolhi esta montanha alta para ficarmos os dois a sós. Enterra as forças do mal, nestes instantes, não nos poderão vencer. Mas, olha: este momento não é eterno; como tudo: vai e vem e um dia não volta mais. Sente a tua, a minha respiração – aspira cada molécula de ar como se fosse a última. Sente que à medida que a estrela deia o seu lindo rasto – alguém aperta mais a torneira na nossa garrafa de oxigénio. Não sintas ansia, não será esse sentimento que alterará o traçado da estrela. Não sintas tristeza – sente e vibra com o momento que te foi dado a sentir, a viver. Absorve cada pixel de cor; fica com a brisa que nos lambe a cara; fica com o brilho que a lua nos oferece; fica comigo nestes instantes e depois já poderá ir.

terça-feira, julho 4

Negativo teu

Deixo-te impressa e perpetuada num rolo resvaladiço que se esconde no interior escuro da minha camara. Não te quero prender, não me entendas mal - peço-te. Não te quero é à merce do Senhor do Escuro. Que o Ogre te perca de vista, se esqueça de procurar o que esculpi num negativo bom e siga a sua saga para longe.

Ouve: fazemos como o meu avô me ensinou – contaremos até 10 e se ele não aparecer estarás salva, estaremos salvos. Desculpa se o atraí. Sou eu que me escondo na noite. Sou eu que de vez enquanto me escondo nas árvores belas do dia, mas assustadoras quando o Sol se esvai. Se calhar ele entendeu que me faria mal se parasse de me perseguir e fosse a correr atrás de ti.

Cansado de negativos queimados com retratos do meu exilio interior. Preciso de ti: brilhante. Preciso de ver o sol a brilhar nos teus olhos. Foge, corre – larga o teu pensamento e fica livre. Se achares que deves: ampara a minha mão e leva-me numa corrida desenfreada pelos prados verdes acariciados pelo vento do Suão.
Acredita que eles existem – fecha os olhos, sente-os.