terça-feira, fevereiro 22

Já não estás aí ..

Um rasgo de luz, atravessa o cortinado branco que voa ao sabor da brisa. Já não estás deitada na cama branca, como eu te encontrava. Agora, só encontro lençóis revoltos e vazios. Ainda encontro pétalas soltas, da última vez que fizemos amor, da última vez que contemplei o teu corpo nu. Muitas cartas de amor trocadas estão amarrotadas, pisadas e rasgadas criando uma paisagem que faz doer.
Ainda tenho na mesa, o copo que sentiu os teus lábios (que não me canso de lhe tocar). E as tuas fotos ressuscitam momentos especiais, instantes, sentimentos e no fim também saudade e dor.
Foi tão precipitada a tua ida, que deixaste-me como presente o teu diário.
Mas confesso, que passado este tempo todo, não tive coragem para o abrir e descobrir que momentos que pensei serem só nossos, possam também ter outra qualquer personagem (mais importante que a minha na tua vida). Tenho pesadelos quando penso que poderia descobrir que eras outra pessoa, não aquela que eu acreditei e que me deixou alguns dos melhores momentos da minha vida, regelo quando penso nisso.
Por isso, deixo o teu diário religiosamente pousado onde o deixaste. Na semana passada o vento derrubou-o, e senti o impacto da queda no fundo do meu coração. Não precisei de tempo, para instintivamente correr para o apanhar e milimetricamente o deixar na mesma posição, como se temesse que no teu regresso percebesses que este tinha sido mexido.
Mas o tempo passou e por vezes, ainda dou por mim à procura de ti. A passear nas mesmas ruas onde namoramos, a ir ao mesmo café ou a escolher a tua bebida preferida.
Mas já não espero ficar a teu lado, nem sei se te aceitaria se apareces na minha porta, acho que o nosso cristal se partiu e as partes para sempre se separam ..