terça-feira, outubro 6

O meu ser

A musica, como que ecoa bem alto nos meus ouvidos. Sinto-me adormecido, como se tudo desaparecesse à minha volta e me pudesse concentrar no nada, ficar como que numa forma de coma induzido e afagar a minha dor.

A minha viagem começa, ao som da música, conduzindo para momentos de euforia e momentos de total desalento, ao som, e sintonia da letra que me entra pela alma.

Por momentos, fico congelado, à espera do próximo acorde que me desperta, da próxima palavra que me encanta ou duma viagem que faço como os olhos fechados e que como num sonho me transporta pelos meus pensamentos. Tudo me fazendo pensar, no significado das pequenas coisas: um teu olhar, a tua voz, o teu cheiro, o teu ser, o teu toque, o teu perfume.

Não sei porque insisto em fazer tudo errado, em caminhar no sentido de que não quero, em dizer o que não sinto, em matar os sonhos que queria partilhar.

Vale a pena viver assim, perdido na minha imperfeição, se com isso nada aprendi, se me sinto sempre a cair nos mesmos erros, se não consigo mostrar a quem gosto, de que realmente gosto, de que realmente preciso, de que realmente quero.

Será esta a sina e vida das pessoas normais? Não sei, dizem-me que sim, mas eu não me acredito, quero e posso ser mais, tenho e quero arranjar mais força para correr, para sentir, para não ter medo de viver, mesmo quando as coisas da minha vida insistem em me empurrar para baixo em me fazer estar no desalento.

Como eu adoro, aqueles momentos, em que apesar da dor intensa, do medo , do sofrimento, do ódio que sinto contra mim, consigo entrar numa sala, e contar uma piada e como que afastar a tormenta. Eu sei, que esses momentos não são sinceros, mas funcionam como que um medicamento cujo tratamento nos entorpece e nos faz sentir artificialmente melhor.

Será assim tão difícil, superar os meus erros, a minha estupidez, a minha ânsia de alimentar o meu ser, compreendendo que isso não chega, de nada me vale, apenas me traz uma satisfação temporária, como que uma droga viciante.

Como é fácil, escrever para mim, e difícil mostrar o que se passa no meu coração aos outros, porquê? Porquê? Quando isso traz dor às pessoas que me rodeiam e consequente enriquece ainda mais o vazio do meu ser.


O perder

O perder do teu olhar,

faz-me mal,

sei que falho quando te afasto,

quando te deixo em baixo,

sempre que não te acaricio,

sempre que sou o meu lado mau.

Será que vale a pena perder-te?

E ficar apenas com a solidão

Não, não quero, não o desejo.

Quero voltar a sorrir,

quero voltar a ser eu.