sexta-feira, julho 29

Rio D'Ouro

Bem junto ao Douro, sinto o movimento das pessoas. Bem perto, observo o deambular sereno do rio. O meu teclar é abafado pelo sensação de paz que o rio nos faz sentir. Penso na minha vida, no amor mas sobretudo na paixão. Só sou interrompido, por corridas de crianças e pela conversa alheia. Estou só ou melhor estou na companhia do meu portátil, dos sorrisos das pessoas que passam, do embalar do rio e das imagens que me saltam na cabeça de tempos a tempos.
Confesso, sinto a falta dum sopro junto ao ouvido, dum entrelaçar de mãos e dum mimo teu. Sabes, corremos muito tempo à espera dum amor e duma paixão. Para, depois, como que num piscar de olhos damos por nós com a alma a sofrer. É como uma droga, quando não a temos desesperamos, mas depois do êxtase da toma vem a dor e a culpa.
No meio de tudo, o Douro deambula como que numa tentativa de me embalar. De me mostrar que não devo desesperar, mas sim viver o momento.
Penso às vezes viver cada dia como se esse fosse o meu último, mas não consigo, dou comigo a fraquejar e a pensar como estarei no dia, semana ou mês seguinte.
E os meus dedos vão deslizando pelo teclado, a acompanhar o ritmo imposto pelo Douro. Lembrei-me o quanto o Douro representava quando eu me aproximava da ponte depois duma semana fora, hum... era uma sensação única, não de posse como no amor, mas de saudade, de vontade de contemplar um rio que está ali à espera dos olhares, do toque dos barcos, dos que nele nadam ou dos que dele vivem. Não é meu, não é de ninguém, mas no entanto é tão especial..