domingo, setembro 15

Perfume

Acordo a vislumbrar a tua silhueta, nasce o dia e os primeiros raios de luz, alimentam a imagem do teu corpo em contra luz. Cada peça de roupa, com que o revestes, embeleza-o duma forma única. És bela e única, como nunca imaginei. Contemplo-te no silêncio, és incrivelmente sensual, mesmo quando sabes que não alimentas o olhar de nenhum homem.

Não quero saber quantos homens antes de mim, também te tenham admirado, duvido que alguém o tenha feito da forma que o faço. Conheci-te quando tinhas o coração ferido, sei que te magoaram com palavras. Acolhi-te, lembra-me de como conseguíamos comunicar, apenas com um lingo e doce abraço. Lembro-me de te ter contado que padecia da mesma moléstia, e que só teríamos a cura se víveres, sentires, amares cada momento como se este fosse o último da tua vida.

Desde o início, tudo foi bom, sei que mesmo quando tropeçavas nos meus jeans, que insistiam em permanecer no chão, não mostravas o teu desagrado. Sabias que no meio da minha confusão, eu só tinha tempo para ti, o resto podia esperar.

Ambos, tínhamos medo de viver um fim do nosso amor, era uma sensação dura, para qualquer um de nós, imaginar que um dia iriamos perder a companhia e o amor do outro. Sei que queres, tanto como eu, mostrar que o p’ra sempre, tem que existir.

Quando um de nós chegava à garagem, fazía um telefonema para o outro: - amor, estou a chegar, estás bem?

No fundo ambos, tínhamos um medo terrível de entrar em casa e encontrar alguém mais belo, mais sensual ou mais especial junto a ti (ou a mim). Assim, dávamos tempo para que o nosso lar se possa recompor.

Uma das nossas primeiras promessas, foi que não haveria uma última conversa. Eu sei que ambos acreditámos que ficaremos juntos até ao fim. A lembrança, o cheiro, nem que seja do último cigarro aceso perfumará o nosso fim.