sábado, setembro 6

Outono em slow motion

Deixa-me amar-te em slow motion:
como as folhas que tombam no Outono
-o mesmo Outono que carrega o cinzento:

o contrário do que os teus olhos irradiam.
Não peças mais: -Não me largues!
Prometo: serei aquela folha que resiste:

à derrocada do vento,
à chuva impiedosa,
ou ao vento violento,

que mexe com o teu cabelo.
O tempo passará e
quando voltar a Primavera:

lá estarei, agarrado
pela alma e coração
- à (nossa) árvore.

Fecha os olhos e
só tens de me deixar: amar!

segunda-feira, setembro 1

Pai

A manhã passa, a tarde vai-se e a noite é curta.
Numa cama, prendes o teu olhar ao tecto.
No imaginário brincas com o meu filho- brincas comigo.
Imóvel e sereno, passeias nos teus pensamentos.
Vives de viver recordações (boas).
Anseias um toque ou um simples olhar.
Vives o vivido e sofres o sofrido.
Escreveste na minha alma: injustiça e dor silenciosa.
Porque não corres de mão dada com o meu filho?
Porque não te ergues e me dás um abraço?
Sei, que nada depende de ti.
Sei bem, o que a tua vontade irradia.
Como gostava de poder perder para te dar.
Como gostava de reescrever a tua vida.
Como gostava de dar um pouco do que me deste.
Estas palavras pouco valem, pouco te aliviam.

Sereno e com um sorriso, soltas da alma: amo-te!
Ao que eu respondo com toda a força: também te amo muito, Pai!

Princesinha

O dia esmorece, o sol quer descansar.
A lua rapidamente toma o seu lugar – como ela eterna solitária me entende.
Observo-a atentamente, esperando que esta me recompense.
Suspiro pelo espelhar do teu terno sorriso, que me entorpece.
Anseio pela imagem dos teus olhos, que me encandeiam.
Timidamente a minha voz solta-se:

-Princesinha, estou aqui!
-Estou cansado de me arrastar só. Sabes?
-Entendes a minha agonia passada e a minha felicidade actual?

Sinto já não ter muito tempo - a minha vida cansou-me.
Junto forças, para nunca mais te deixar de abraçar.
Junto forças, para te amar.