segunda-feira, setembro 1

Pai

A manhã passa, a tarde vai-se e a noite é curta.
Numa cama, prendes o teu olhar ao tecto.
No imaginário brincas com o meu filho- brincas comigo.
Imóvel e sereno, passeias nos teus pensamentos.
Vives de viver recordações (boas).
Anseias um toque ou um simples olhar.
Vives o vivido e sofres o sofrido.
Escreveste na minha alma: injustiça e dor silenciosa.
Porque não corres de mão dada com o meu filho?
Porque não te ergues e me dás um abraço?
Sei, que nada depende de ti.
Sei bem, o que a tua vontade irradia.
Como gostava de poder perder para te dar.
Como gostava de reescrever a tua vida.
Como gostava de dar um pouco do que me deste.
Estas palavras pouco valem, pouco te aliviam.

Sereno e com um sorriso, soltas da alma: amo-te!
Ao que eu respondo com toda a força: também te amo muito, Pai!