quinta-feira, setembro 22

Desnorteado

Agora em Português: - sinto fome de t: Porto. A minha bussola trai-me, obscenamente, diz-me que estás a sul. É preciso multiplicar a distancia para perceber o quanto se ama. Falta-me o nevoeiro cerrado, mas fingido, que resulta da exalação tímida mas quente das castanhas. Mal respiro porque me falta o toque aveludado dos teus lábios - mais quentes que a pedra sentida, mas escura, que entorpece a luz e cobre o esqueleto da cidade.

Não te escolhi: – escolheste-me! Perco-me nos teus abraços, perco-me nas tuas ruas. E sei que conheces as minhas e eu as tuas: rugas. Se algum dia me perguntares: o que gostas mais em mim? Responderei o sal que adocica a minha alma; o toque do teu vento – que me embala; o teu luar que me galanteia à noite ou o doce do teu beijar. Não me deixes mais. Não quero – e já não sei viver sem ti.

Quando me perdi: encontraste-me! E como me encanta perder-me nas tuas ruas. Como me enlouquece passar as mãos nas tuas curvas. Não adianta – parai de nos tentar afastar! Seremos eternos amantes e mesmo bêbados: sentimos. Que mesmo mortos estaremos unidos. Existirá sempre uma ponte que nos liga, que nos ama. Sentirei para sempre o unguento do teu corpo, do Douro.