terça-feira, fevereiro 24

Lágrima amparada

Há uma lágrima que cai
apenas amparada pelo teu beijo.
É esse o seu desejo.

Sai (só) do meu olho.
Empurrada por um pensamento.
E traz (só) o desalento.

Há uma lágrima que espreita
e que teme não ser agarrada.
Teme não ser amada.

Abraços (quasi) perdidos

Deitado e com um sorriso de menino: misturo-me no meio de novelos de lã, enquanto empurro com um dedo – um pequeno carrinho de linhas. Solto uma gargalhada. Esfrego-me, fecho os olhos e mimo o meu cão: este pula de alegria. Agora corre com um novelo na boca. Agarro-o e abraço-o fortemente: -és meu, sou teu! Exclamo com aquele tipo de sorriso que se perde no fim da meninice.
É mais um sábado de tarde feliz. Levanto-me, vou até a TV: quero o canal 2 – está na hora dos desenhos animados (que adoro).
Pulo para o sofá, arrasto (carinhosamente) o meu cão – é o nosso momento: enroscados, babados e com pelo a voar, um de nós desiste de se tentar libertar - está a começar, já vi o separador. Hoje, vou fechar os olhos e vestir a pele do Super-herói. Vou-me deliciar no faz de conta (mais uma vez) - como eu amo viver esse momento.
A tarde cai, a noite espreita. O frio e o cansaço de uma tarde a brincar fazem-me pesar nos olhos e o corpo (franzino). Mas, resisto como o Super-herói que em sonhos encarno. Recebo uma lambidela do meu cão feliz. Volto a enrolar-me - o cobertor é meu (desta vez). Mas ouço duas vozes familiares: o meu pai e o meu avô chegam. Dou um pulo, corro, quase tropeço nos novelos e logo de seguida nas escadas até que finalmente os abraço – com um sorriso do tamanho do mundo -o meu mundo feliz.