quarta-feira, julho 8

Viver

Esqueci-me de acordar. Achei que valia a pena continuar emergido num sonho (qualquer) – do que em viver. Viver como se consegue e não como se quer é uma desilusão. Em nada é bom sentir que vivemos um guião (dramático) – que pesa na nossa alma e que não fomos nós que o escrevemos.
Viver cansa, como escreve o Pedro Paixão. Viver a vida como um sonho é o que procuro. Viver a vida só ou mal acompanhado. Qual será melhor? De que me queixo se eu sou má companhia para a minha companhia? Talvez prefira a liberdade –que dói – da solidão da companhia. Talvez prefira viver sem procurar, assim não sentirei culpa. Culpa de viver, será?
Viver só é, um delicioso acto de cobardia misturada com uma saborosa saudade de não se ter vivido o qua há para viver.
Viro-me, arrasto a almofada, tapo os olhos com as mãos, abraço-me e desligo o meu despertador (mais uma vez). Peço muito? Só quero viver o meu sonho.

segunda-feira, julho 6

Corpo nu

Arrasta a tua mão. Procura a minha. Ainda à espera do teu toque.
Vende-me o brilho dos teus olhos, preciso de luz na alma.
Abraça-me. Preciso de sentir o calor do teu coração – no meu.

Sinto o teu corpo nu - junto ao meu; desejo-o muito.
Preciso do calor dos teus lábios; encosta-os, peço-te, aos meus.
Dá-me mimo. Preciso tanto dele como do ar que de mim foge.

Leva-me no teu sonho – que também é meu. Leva-me, peço-te.
Empresta-me o teu mimo. Só assim me empurras no sonho.
Abraça-me. Embrulha-me no teu mundo, que quero ser (também) meu.