segunda-feira, setembro 26

Reflexo ao luar

Ainda procuro o teu reflexo, enquanto vislumbro o anoitecer. O frio abala a minha alma, a escuridão adensa as minhas dúvidas enquanto que a solidão me enlouquece.
Estiveste ali (em sonhos?) bem perto de mim. A tua voz rouca foi ali que me alimentou. Ainda sinto o teu aroma na brisa que me trespassa. Prometemos viver juntos, fazer do nosso amor uma viagem conjunta pela vida e as nossas mãos tocaram-se. Cada luar, trazia novas juras de amor, uma infindável troca de caricias e abraços. Quando estamos apaixonados estamos entorpecidos, o que em si facilita o acto da entrega e da partilha. Mas viver é mudar, é cruzar com os outros, é mentir para alimentar o amor é ainda, e por vezes, deixar o eu para sermos o nós.
Enquanto procuro ainda o teu reflexo, penso o quanto gostava de passear contigo e a facilidade com que encontrava beleza em tudo o que me rodeava. Se somos felizes quando estamos apaixonados e se quando estamos apaixonados ficamos tontos e alienados, temo que estar apaixonado só pode ser um estado de transição entre a solidão e a companhia, para de seguida voltar a solidão e tudo se reiniciar.
Mas a verdade é que por mais memórias de perda, de desalento, de mentira que tenha presente, continuo à procura do teu reflexo num belo luar.