sexta-feira, fevereiro 4

Teias

Hoje senti a nostalgia de me sentir novamente adolescente. Prostrado, deprimido e amuado com o mundo que não consigo mudar. A ouvir o chilrear bem agudo dum vinil dos Cure, enquanto os meus pensamentos navegam em espiral. Meditando, procurando a explicação das coisas, sem objectivo definido. Penso que na adolescência, se desenvolve o hábito de pensar que tudo é muito complicado e que tudo é irresolúvel. Com o tempo, ficamos mais ponderados, mas quando damos conta, voltamos à teia que subsiste na nossa alma. Quanto mais nos movemos, parece que mais apertado fica e mais asfixiante se torna. Viver é continuar a resistir, a lutar mesmo quando já sabemos de que nada vale a pena. Ás vezes uso as boas recordações, como elixir, para continuar a revirar-me, a lutar, a puxar, a fazer tudo para que a teia que cada vez aperta mais nos solte. Sei que não consigo, mas enquanto o faço, fecho os olhos e por momentos esqueço que a aranha vai acabar por encontrar-me.