terça-feira, outubro 13

Acordar para a solidão

O acordar é sempre especial, mesmo que o abrir dos olhos, signifique um mergulhar nas mágoas ou pensamentos que nos apoquentaram na véspera. A luz, parece insistir que estamos vivos, que não podemos desistir, mesmo que seja esse o nosso desejo. Depois de horas a conviver com as trevas, parece-me forçado ter que despertar.

Odeio o pequeno-almoço, odeio acordar e ter que fazer algo, só porque o meu corpo vacila depois de horas em descanso, quero acordar e correr para ouvir uma música, correr para o sofá e deixar-me a vaguear nos meus pensamentos. Mas não pode e não deve ser uma melodia qualquer, tem que me trazer energia se eu o quiser, tem que me deixar a pensar, se é esse o despertar que eu procuro e tem que me ajudar a afundar se é esse o meu estado de espírito.

Como é fácil (?) viver num mundo de solidão, não precisamos de partilhar, não precisamos de ler nos olhos dos outros os seus sentimentos, não temos nenhum sentimento de perca pois esta já coabita connosco desde longa data. Mas o que é sentir solidão: estar desligado numa mesa dum café junto a amigos; não mostrar a dor que sentimos dentro e que é tão forte que assusta a mais fiel companhia; é pensar que o nosso mundo é grande demais para nós ou simplesmente ter medo de mostrar o nosso eu ao mundo.