terça-feira, junho 26

Memórias no estado liquido

Um suspiro muda a minha face, mostrando pequenas rugas e estrias na pele, de quem viveu e o Sol foi lentamente queimando impiedosamente. A emoção dum momento, solta uma lágrima, que depois da dificuldade inicial de brotar dum olhar tímido e melancólico, tem o desafio de deslizar suavemente por milhentos labirintos formados pelas rugas firmadas da pele.
Eis que chegado ao lago, onde mil recordações de criança passam vezes sem fim na tela, formada pelos reflexos difusos e confusos, que se distorcem em mil diferentes imagens ao som da ondulação, calma mas forte. Por momentos, afasto as minhas sandálias, para evitar que a água me atinja e eu perca uma parte da recordação projectada.
Os reflexos espelham um filme, que é um remake de mil momentos felizes e de mil momentos menos felizes, numa roda-viva, continua e energética que é embalada por um suave ondular e uma brisa doce que me toca sem receios.
Consigo, ficar apático no meu canto, sem sequer sentir o anoitecer que encerra este meu baú de memórias no estado liquido.
É o meu lago, ele guarda os meus segredos e preciso de o ver, para entender o que já vivi e tentar perceber porque o vivi. Está longe em terra de ninguém e ora ondula suavemente, ora bruscamente numa melodia perfeita e síncrona com o meu viver.