segunda-feira, outubro 15

As palavras que não te disse



Acordo e tu estás sempre ali. A tua respiração, toque e voz exala carinho, mesmo quando te fazes de forte. Sei que és fraca como eu sou, que deambulas à espera do meu olhar, tal como eu o faço em troca do teu. Não é só a carne que dizem ser fraca, a alma tem momentos que também o é.

A minha cabeça está cansada, parece que o meu coração é agridoce: quer ser doce o tempo inteiro, mas nem sempre o consegue; quer dizer amor mas falha e no fim faz-te sofrer. Acabando por sofrer no meio de silêncio e amargura.
Muitas vezes acuso o criador, de me ter feito desta forma e com esta essência. Sinto-me como uma obra inacabada , onde o escultor falhou o cinzel, quando procurava à pressa arredondar o que resta do meu coração.
Mas, não me perdoo de ser assim e luto para ser diferente, não me resigno à espera que o vento e a intempérie acabem a obra. Faço-o, tal como o fiz naquela caminhada na baixa, onde baixinho e discretamente choramingava para que o meu filho tivesse uma amanhã muito melhor.
Choro facilmente no cinema, mas depois quando preciso de mostrar todo o meu amor e carinho – falho.
Não quero crer, que seja destino ou que tenha nascido com um coração d’aço. 
Ainda o faço! Tal como uma criança que teme o escuro, protejo-me do remédio, do que quer respirar o meu ar, parando quando eu estou a arfar, num gesto altruísta que só se consegue ter quando se ama alguém.
Não posso ser tão desumano, frio ou inerte, sei que não, acredito que não. Mas, sinto que os que me rodeiam não o sentem, porque eu falho com a minha cabaça ocupada com o vil vento.
Mas sei que assim poderei perder de vez o teu olhar e os seus olhares.