quarta-feira, maio 17

Sopro que d'este

Empurra-me. Sopra forte no teu erhu. Que o som viagem mais rápido que a luz e me atinga no Oeste perdido. Sabes, escondo o meu olhar num biombo que ninguém quer. E espero por um chá frio que escalde o momento. Vislumbro a tua silhueta – estás nua num canto. Arrepio-me. Solto palavras tolas: que qualquer homem o faria! Acredita.

A luz talha a tua silhueta; a sombra apaga alguns relevos; o reflexo dos teus olhos encandeia o momento. Lá fora o mundo gira; as pessoas correm e o ponteiro do relógio escorrega. Corre, enquanto te deixam e procura-me na Wikipedia. Se me encontrares: grita! Se te faltarem pulmões sopra no teu erhu - de novo. Prometo, antes do Sol nascente estarei no horizonte longínquo.

Sinto o vento a rolar e a destapar o vivido. Sopra, sopra forte na colina que verte a paisagem para a tua janela. A luz vive: um branco puro exulta o reflexo nos teus olhos. Os teus abraços abraçam o abraçado: não pares. Sobe a cortina podre que serve de empecilho para a luz. Abre a janela e sente o mundo.