segunda-feira, dezembro 18

Fotologia e ...

Escrevo, fotografo e vivo, mas não sou um escritor, não sou um fotografo, sou um vivido por inerência circunstancial e temporal. Tal como numa ampulheta preciso da mão de alguém para que os finos grãos de areia continuem a desfilar- perante o olhar de quem me rodeia.

A escrita, a fotografia, a vida são todos atos – que me sugam. Não sei qual o faz com mais mestria, talvez viver e o consequente: pensar. Quando era criança sustinha a respiração até quase sufocar. Recuperava o folego e repetia. Hoje, já não dou tanta importância ao ar que engulo. Já não aspiro contar cada molécula que uso e abuso na minha respiração. Entretenho-me com espirais de pensamento que começam, sempre, pelo fim e acalentam terminar no inicio, sem ter de uma forma clara e limpa – um propósito. É novamente uma espécie de brincadeira infantil, quando de cabeça para baixo, observava o mundo ao contrário e procurava o entendimento na forma mais pura, que só é possível enquanto se cresce num quarto de criança, longe das intempéries da rua.

É tão mais simples, duma forma despretensiosa: soltar os dedos numa caneta que beija o papel ou acariciar uma pelicula de filme com um terno banho de luz.

É esperar, esperar que tudo se transforme em nada, num ciclo perpétuo onde cada vez se está mais só e longe de tudo. E o que sobra? O nada que não empesta a vida.