segunda-feira, novembro 20

Sofá que voa

Uma sala com vista para um quintal lindo e verde, um sofá que voa, mas que sabe guardar segredos, um maço de tabaco com cigarros que beijam os teus, os meus lábios, um stereo que faz as moléculas de ar dançar com ternura ao ritmo das pistas de um CD e que te tocam, tocam-me na alma e um copo de vinho que faz brotar o sentimento de qualquer alma emperrada pela azia de navegar a só no alto mar foram, por algum tempo, o nosso amparo da tempestade.
Caídos um nos braços do outro, fundidos por um beijo doce e longo de cortar a respiração, ávidos de ouvir o que outro tem para dizer, embalados por um sentimento que faz doer pensar poder vir a perder. Sequiosos de entregar o prazer do corpo um ao outro, viver a dois sem querer saber do mundo que nos rodeia. Esperar pelo amanhã com medo que a sombra do outro se desvaneça com a morte do sol ao fim do dia, enquanto, se sente a verter ternura como uma fonte que salva o viajante que atravessou um deserto seco, sem fim.
São estes os pensamentos que me abrem o meu doce baú das recordações.