sexta-feira, setembro 30

Descabida

A neblina encobre a tua cara. O vento embrulhado na maresia faz voar o teu lenço - escondendo a tua silhueta. A tua saia, tal como um pendulo, mostra e esconde as tuas esguias pernas. Os bicos dos teus seios apontam para mim como setas envenenadas. Um tom vermelho nos teus lábios – cor de sangue – exala um desejo profano.

Caminhas em zig-zag numa luta infernal com os teus tacões altos. Alguns homens olham; certamente sentiram o teu cheiro a sexo. Se calhar até os deuses enlouqueces, não sei. A cada passo um grão de areia rebola e ajuda a formar a duna vizinha. A cada passo te aproximas mais de mim: não sei se deva ficar triste e assustado ou contente e excitado.

Aproximas-te. Agora és mais real. A mesa da esplanada é pequena para ti. Deslizas os teus lábios nos meus. A tua mão malvada toca-me no sexo. Deixas-me louco, mas perdido. A minha garganta seca; mal pronuncio: - Vieste, ainda bem! Leva-me contigo, faz-me fechar os olhos e sentir a dormência que acompanha o orgasmo. Depois vai-te!