quarta-feira, setembro 28

Dez(pido)

A esperança nunca morre. Mesmo quando as forças resvalam na ravina e arranham o coração. Ainda espero pelo encontro dos teus lábios com os meus. Anseio pelo calor e sensualidade que estes me transmitem. Com sofreguidão quero o teu abraço que funde o teu corpo e o meu – num só. Não te preocupes, pois, as nossas almas já passeiam pela luz juntas numa dimensão onde o tempo não existe.

Espero pela lua a teu lado, espero pelo sol, que este volte rápido. Traves escuras e secas que servem de suporte para a cáfila, espreitam ou não num horizonte amaciado pela bruma. Sinto no meu coração um tic-tac constante que acorda antes dos pássaros que povoam a tua janela possam ecoar um cântico. A luz espreita e vai matando o breu. Mas este volta e ataca-me quando só, quando perdido no retalho dos pensamentos.

Mas a esperança sempre sobrevive. Mesmo quando o fundo parece certo. Já vivi zangado, perdido e afogado em dor. Perdi a bussola que me guiava. Parti a candeia que me iluminava. Corri, saltei, esperneei- apesar de mal sentir o meu corpo (a alma sempre foi fugidia). Saltei para o abismo, encolhi e afrontei o portal do outro mundo. Até que esperei que por um rasgo de luz, num amanhecer, preso ao meu negrume e que tudo mudou. A esperança nunca morre.