quinta-feira, abril 2

Desejo de CANONizar

A descer a rua, sentindo bem na cara a brisa, enquanto um eléctrico desliza de forma estridente nos trilhos, faz-me querer ter ali bem à mão a minha máquina fotográfica para congelar o momento. Uma fotografia tem mesmo esse poder, que nem todas as pessoas conseguem sentir, congelamos um acontecimento, uma vista, um momento e quando o revemos (e duma forma egoísta) conseguimos por momento fechar os olhos e sentir um conjunto de sensações únicas. È como que se eu fechasse os olhos e conseguisse vislumbrar o momento, sentir os cheiros a mesma brisa que arrefeceu, apenas olhando para uma imagem estática e fria impressa num pedaço de papel.

Pode parecer incrível, mas consigo-o sentir mais intensamente quando aprecio uma foto a preto e branco, é como se o supérfluo das cores não me distraísse do objectivo essencial, que é reviver aquele momento e a sensação que me fez fazer o click.

Muitas vezes dou por mim, a invejar a vida daqueles que passam todo o tempo que podem a imortalizar os momentos que vivem numa fotografia, é uma liberdade de escolher o que fica registado, o que realmente importa, o que é acessório, sem precisar de o justificar, sem precisar de pensar no porquê.

É esse o meu desejo, envelhecer a CANONizar a realidade que me atrai.