quarta-feira, setembro 2

(super) Lua

Há uma nuvem que insiste em não passar e esconde-te: lua. Logo numa noite que dizem que vais ficar ser uma super, uma super lua. Solitária mas brilhante - ninguém te tira o lugar, mais ninguém é como tu.
O escuro ataca. Uma linha pintada no asfalto negro e áspero insiste em aparecer e desaparecer, numa intermitência que acorda. Divide-me entre o ir e o ficar. Acelero a fundo - não tenhas medo. Não te quero fazer mal. No rádio solta-se mais uma música: Nadie puede detenerme, las gasolineras me dicen adiós. Canta numa voz desgastada o Sabina. Há luzes que cruzam o meu olhar e que acabam por desaparecer no meu espelho.
O tempo passa, a lua vai e volta ao ritmo do capricho das nuvens. Abraça-me, pelo menos toca-me com a tua mão. Preciso de sentir o teu calor, mesmo sabendo que estás a meu lado. Já sabes que uma mão é do volante a outra é tua, será sempre tua. Nem que só pare no fim do mundo – continuará tua. Tal como eu já o sou. Nem sempre escolhemos o destino; parece que o destino nos escolhe (sempre) a nós.
O rádio solta um novo refrão: Vê como os búzios caíram virados p'ra norte. Pois eu vou mexer o destino, vou mudar-te a sorte.