quarta-feira, janeiro 7

Acordei

Acordo,
como se já tivesse vivido tudo a que tinha direito.
O espaço colapsou o meu tempo.
Não me encontro.
Existo (?) apenas para os outros me sentirem.

O meu olhar está turvo.
Fujo do espelho!
Sinto-me (tento):
dói-me o corpo,
matei a alma.

Na janela aprecio o nascer do dia:
belo mas lento.
Algumas pessoas já correm.
Alguns pássaros já cantam.
Tudo parece recomeçar.

As árvores escondem-se num manto branco.
Enregeladas – esperam pelos raios de sol.
Até lá, mal se percebe se vivem ou se também desistiram.
O cenário branco mistura-se com uma escuridão moribunda.
O amanhecer funde-se com o meu anoitecer (interior).