quinta-feira, outubro 13

Noite ao Sol

Há uma flor que verga com o vento. Numa noite gélida e sombria que ousa passear sem medo.
A espera assusta, ressuscitando os fantasmas da solidão. Nem o som frenético e apetecível consegue aquecer o corpo ou avivar a alma.
Encontro com desencontro faz chocar corpos estranhos.
Palavras roucas e moucas quebram o gelo e afagam momentaneamente a sonoridade presente.
Enquanto danças, solto o meu corpo, fecho os olhos e viajo por mil lugares escuros.
A melodia choca com o meu silêncio interior, numa luta incansável entre a consciência do momento, o cansaço e devaneio do meu pensamento.
Mas tudo acaba, o "p'ra sempre" já não me magoa.
Bate uma porta e sinto-me de novo mergulhado num silencio ensurdecedor.
Tudo volta ao principio e dou por mim a ouvir mais uma vez os acordes de "Homens Temporariamente Sós" numa viajem de carro, com a cidade despida. Estes tocam vezes sem conta no meu carro e na minha alma.
A consciência do que vale a pena, surge-nos do nada ou do cibernético? Não sei.
Linhas cruzadas dividem histórias e trocam mimos. Do improvável surge um lacrimejar, que insiste em resistir por largos minutos.
Estava mais uma vez no meu mundo, mas a sentir-me melhor. Apesar duma sensação aberrante de ter traído a minha Canon pela primeira vez.